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Travar o aquecimento global “O segredo e a chave está no esforço coletivo ..."afirma Jorge Antunes




A tecnologia e a inteligência artificial têm um papel muito importante na transição energética e no caminho para um futuro neutro em carbono. Em entrevista à Green Savers, Jorge Antunes, Diretor da Hitachi Vantara Portugal, aborda os vários projetos que têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito da sustentabilidade, nomeadamente, na promoção da mobilidade sustentável, no combate ao desperdício alimentar e na gestão das águas residuais.


A Hitachi Vantara quer ser um “elemento inovador na alteração climática”. De que forma?


Na Hitachi Vantara, a inovação social dita o mote das soluções que desenvolvemos todos os dias. Ou seja, todo o nosso trabalho tecnológico é feito com vista no benefício da sociedade, nos mais diferentes setores. O resultado para a sustentabilidade advém, de forma natural, deste impacto que causamos na sociedade.


Recentemente, fizemos ainda a promessa de contribuir para um futuro mais sustentável e desenvolvemos o projeto “Sustentabilidade 2030”, parte do nosso novo plano estratégico de combate às alterações climáticas, onde nos comprometemos a atingir a neutralidade carbónica, em todas as nossas operações, até 2030. Acredito que nenhum governo, empresa, ou mesmo tecnologia por si só, seja capaz de travar o aquecimento global e as consequentes alterações climáticas. O segredo e a chave, está no esforço coletivo, de forma eficaz e atuação assertiva.


Devo referir ainda que, durante a COP26, um dos momentos chave que marcou o panorama ambiental no ano passado, o nosso CEO, Gajen Kandiah esteve presente e teve um papel ativo na promoção de soluções tecnológicas capazes de reduzir as alterações climáticas, com recurso à inteligência artificial, um ativo que consideramos fundamental no processo de transição energética.


Como é que o Centro de Mobilidade de Excelência desenvolvido pela equipa portuguesa da Hitachi Vantara, contribui para um futuro mais sustentável?


Portugal foi o local escolhido pelo grupo Hitachi para instalar o novo Centro de Excelência de Mobilidade, que se foca no desenvolvimento de soluções tecnológicas de integração nos comboios, permitindo uma melhor gestão da infraestrutura ferroviária. Este Centro de Excelência, foca-se no desenvolvimento do conceito de Train as a Service, em que o comboio é composto por várias soluções tecnológicas que permitem uma melhor gestão da infraestrutura e, consequentemente, elevar a qualidade do serviço prestado ao passageiro. Assim, acreditamos que ao ter comboios que fazem o percurso no tempo estipulado, sem atrasos e onde o passageiro repara que a viagem é muito mais fiável, tranquila e confortável, se reflete numa proposta de valor acrescentado, onde o mesmo se sente motivado em optar por esta solução de transporte, deixando, por exemplo, de usar o seu automóvel particular. Esta pequena mudança, reflete-se num enorme impacto ambiental, onde estamos a contribuir para uma diminuição do número de carros que circulam na estrada e que por isso, não estão a poluir o ambiente.


Segundo dados revelados pelo IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes e pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, só em Portugal, temos 5,6 milhões de carros em circulação, valor muito acima da média europeia. Se conseguirmos retirar nem que seja parte destes veículos de circulação, teremos cidades com menos carros, menos trânsito e menos poluição. Este é o impacto que comboios fiáveis, do ponto de vista de horário e de conforto, podem gerar.


Que projetos podem destacar, que estejam a ser desenvolvidos neste Centro?


A equipa portuguesa da Hitachi Vantara está a implementar, no mercado mundial, uma solução de loja autónoma que permite aos retalhistas terem lojas sem caixas e, assim, proporcionar uma melhor experiência do cliente no momento da compra, ao evitar filas. Implementada em retalhistas no Japão e em Israel, o objetivo é que seja adotada por mais cadeias americanas e europeias. Esta tecnologia permite ter lojas abertas ao público 24 horas por dia, durante 7 dias da semana, e chegar a locais com um menor fluxo de pessoas, colmatando assim a necessidade de deslocação para os centros urbanos.


Também atualmente a ser desenvolvida pela nossa equipa, é uma tecnologia capaz de detetar o tempo de vida útil dos alimentos. Através de um dispositivo com base em espetroscopia, a solução recolhe os reflexos de infravermelhos e obtém dados sobre a quantidade de açúcar e água que se encontram num alimento, sendo assim possível estimar o seu tempo de vida útil. Esta tecnologia vem combater o desperdício alimentar, avaliando quais os alimentos que devem ser consumidos primeiro, promove uma melhor gestão de stocks, indicando se um produto deve ser colocado em promoção, ou se o seu tempo de vida útil o permite ir para um supermercado mais longe, e disponibiliza ao consumidor final não só um produto

de maior confiança e durabilidade, assim como mais acessível, dependendo do seu estado de perecibilidade.


Por fim, estamos também a trabalhar num projeto relacionado com a gestão de águas residuais através de modelos preditivos onde podemos antever a chegada de grandes fluxos de águas, normalmente derivadas das chuvas, e a preparar a rede de descarga para evitar problemas como cheias e descargas no oceano, claramente prejudiciais para o ambiente.


A transição para a mobilidade elétrica é também um caminho cada vez mais comum nas áreas urbanas. Pode explicar o papel do projeto Optimise Prime, neste campo?


O Optimise Prime é um projeto na área da energia desenvolvido pela equipa portuguesa da Hitachi Vantara e lançado pelo Governo do Reino Unido. Tem como objetivo investigar os efeitos de uma adoção em massa de veículos elétricos comerciais na rede de distribuição de eletricidade. Ou seja, se amanhã decidíssemos mudar todos para carros elétricos, estaria a nossa rede elétrica pronta para essa subcarga? O aumento da adoção de veículos elétricos vem lançar esta questão. Uma tendência traçada pela crescente procura de soluções mais amigas do ambiente, pode levar ao colapso da rede de distribuição de energia, devido às necessidades de carregamento. Este projeto tem vindo a estudar tanto o comportamento dos veículos domésticos, como o dos comerciais, que representam um desafio acrescido, na medida em que precisam de ser carregados mais frequentemente e de ter ao dispor vários pontos de carregamento. No entanto, criar esta infraestrutura sem uma análise das necessidades iria traduzir-se num custo elevado e em contas extremamente elevadas de eletricidade para a população, e a própria frota, fatores que iriam desincentivar a adoção desta alternativa de mobilidade. Assim, este projeto vem identificar as necessidades que frotas elétricas de diversos serviços de transportes e entregas têm e desenhar possíveis respostas.


Em tom de exemplo, se tivermos 100 veículos numa cidade que funcionam a diesel e se decidirmos que 80% dos mesmos irão ser convertidos em veículos elétricos, torna-se necessário perceber onde é que vamos colocar os postos de carregamento adicionais para que possam ser úteis a estes veículos. O objetivo do estudo, tem sido compreender em detalhe os padrões de carregamento e garantir que a rede futura é capaz de responder à procura. Neste capítulo, temos feito grandes desenvolvimentos que nos deixam muito orgulhosos e um passo mais perto da neutralidade carbónica.


|Fonte: Green Savers, 3 de Fevereiro 2022

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