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Dúvida: posso comer alimentos depois do fim do prazo de validade?

Muitos produtos têm meramente um prazo indicativo até ao qual mantêm a melhor qualidade possível – e estão bons para serem comidos depois da data recomendada, ajudando a evitar o desperdício alimentar. Nos casos em que o rótulo tenha escrito “consumir até” em vez de “consumir de preferência antes de”, é preciso mais cautela.




As datas de validade dos alimentos não são todas iguais, mas há quem as confunda e deite fora alimentos que estão em bom estado. Um estudo da Comissão Europeia de 2018 indica que cerca de 10% dos 88 milhões de toneladas de comida desperdiçada estão ligados ao fim dos prazos de validade. Como saber, então, que alimentos podem ser consumidos?


Existem duas diferenças essenciais: uns produtos apresentam a designação “consumir até” – em que a data deve ser cumprida – e outros têm as designações “consumir de preferência antes de” ou “consumir de preferência antes do fim de”. Ou seja: alimentos como o arroz, feijão, bolachas, massas e chocolate, que se enquadram nesta segunda categoria, podem ser consumidos findo o prazo de validade.


No fundo, a data assinalada é mais importante nos alimentos que têm a menção “consumir até” – são, por norma, alimentos perecíveis, como a carne e o peixe. Depois dessa data, o alimento é tido como “não seguro” e não deve ser consumido. No caso da carne picada, salsichas frescas ou queijo fresco, um alimento pode ter um aspecto normal e estar contaminado.


Nos outros casos, se forem cumpridas as instruções de conservação, o alimento pode ser consumido. Sempre com alguma cautela: antes de comer um produto que já está fora do prazo de validade, há que ver, cheirar, provar. É preciso olhar para a textura, ver se a cor está “normal”, examinando também o sabor e o cheiro. Se tudo parecer normal, pode comer ou beber. Mesmo que exista alguma alteração das características dos alimentos, não deverá haver risco para a saúde.





Há, portanto, produtos que podem ter ultrapassado o prazo de validade – o que faz com que deixem de poder ser vendidos em superfícies comerciais –, mas que ainda estão em boas condições de consumo. É obrigatório por lei que os alimentos tenham uma “data de durabilidade mínima ou data-limite de consumo”, explica a organização de defesa do consumidor Deco Proteste – e a forma como se define essa data fica a cargo do produtor ou do distribuidor destes alimentos.


E o que significam essas duas expressões? A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) explica: a data-limite de consumo aplica-se aos produtos que tenham a indicação “consumir até”; já a data de durabilidade mínima refere-se a produtos que tenham a indicação “consumir de preferência antes de” ou “consumir de preferência antes do fim de”. No fundo, “consumir até” é uma questão de segurança alimentar; já o “consumir de preferência antes de” indica o tempo em que o alimento mantém a melhor qualidade possível.

Também é importante referir que as datas de validade se aplicam enquanto o produto está fechado. Depois de aberto, o alimento deve ser consumido o mais rapidamente possível (ou consoante o tempo indicado na embalagem). Em muitos supermercados e hipermercados encontram-se promoções de produtos que se encontram mais baratos por estarem perto do fim da validade. A Deco Proteste diz que cada pessoa deve pensar “se consegue consumir tudo dentro do prazo antes de acreditar que está a fazer um bom negócio”.



Algumas dicas para reduzir o desperdício alimentar:


  • Analisar as datas de validade dos produtos que tem em casa e daqueles que vai comprar;

  • Comprar alimentos na quantidade certa e não em doses exageradas;

  • Comer as “sobras” das refeições (em restaurantes pode pedir para levar o que não comeu);

  • Congelar alimentos para usar mais tarde;

  • Ter os alimentos com mais validade na parte de trás do frigorífico ou dos armários, para usar primeiro aqueles que estão perto do fim da validade;

  • Armazenar os alimentos de acordo com as instruções na embalagem.


53% dos consumidores não sabe diferença


Segundo os dados divulgados pelo Parlamento Europeu, cerca de um terço de toda a comida produzida no mundo para consumo humano (mais de mil milhões de toneladas) acaba por se estragar ou ser deitada fora. Isto significa que há mais de 88 milhões de quilos de comida que são desperdiçados todos os anos na União Europeia, o que equivale a 173 quilos de comida desperdiçada por pessoa no espaço comunitário.


Além de se perder alimentos em bom estado, o desperdício alimentar também contribui para agravar a crise climática: tem uma pegada de carbono de 8% de todos os gases com efeito de estufa causados por humanos, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). Por cada quilo de comida desperdiçada, são libertados 4,5 quilos de dióxido de carbono para a atmosfera. Isto porque a produção de alimentos requer energia e recursos naturais, como a água.



Os dados da Comissão Europeia mostram ainda que há 53% dos consumidores da União Europeia que não sabem qual o significado de “consumir de preferência antes de” e 60% que não sabem o que significa a expressão “consumir até”. Resumindo: se a embalagem disser “consumir até”, é melhor não arriscar; se disser “consumir de preferência antes de” ou “consumir de preferência antes do fim de”, é seguro comer ou beber.



|Fonte: Público, 14 de Maio 2022

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