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Banco Alimentar e associações unem-se no combate ao desperdício alimentar

Se acabássemos com o desperdício no país podíamos erradicar as carências alimentares de todos os portugueses. Este é o objetivo do novo movimento cívico "Unidos Contra o Desperdício".


29 Setembro 2020 Observador



O Banco Alimentar Contra a Fome junta-se, esta terça-feira, a várias instituições e associações, públicas e privadas, num movimento intitulado “Unidos Contra o Desperdício”.


No dia em que se assinala, pela primeira vez, o Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, instituído pelas Nações Unidas, surge em Portugal um movimento cívico que pretende sensibilizar os cidadãos e as empresas portuguesas para a luta contra o desperdício de comida.


Ao Observador, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar, explica que o objetivo desta plataforma — que agrega 10 grandes entidades que lidam com o setor da alimentação — é “contrariar os números atuais que indicam que um terço daquilo que é produzido no mundo acaba no lixo em vez de acabar na mesa dos consumidores”.


Estas estatísticas demonstram ainda que se o desperdício alimentar mundial fosse revertido seria possível alimentar dois mil milhões de pessoas no mundo. Atualmente, só na Europa são desaproveitados cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos.


E em Portugal? Quais são os níveis de desperdício de alimentos? Atualmente, não é possível saber, porque não existem dados oficiais. Essa é uma das falhas que o movimento “Unidos Contra o Desperdício” quer colmatar.


“Não temos estatísticas nem dados fidedignos em Portugal. Agora, ao envolvermos todos os estádios da produção, da distribuição e da logística podemos ter uma noção real. Hoje só existem dados aproximados”, revela Isabel Jonet.


Por enquanto, estima-se que um milhão de toneladas de alimentos sejam deitados para o lixo por ano, o que daria para alimentar as 380 mil pessoas que atualmente estão identificadas como tendo carências alimentares no país.


Para a presidente do Banco Alimentar, “falta sensibilidade para perceber que quando se destrói comida se está a cometer uma injustiça, porque há pessoas que dela carecem”, mas há também “facilidades logísticas e ligadas à segurança dos produtos que têm de ser revisitadas”. “Há muito ainda a fazer nesta matéria”, conclui.


Esta plataforma quer agilizar estes processos, promovendo a venda sempre que possível, para tentar acautelar os gastos tidos na produção, e canalizar para doação quando não for possível comercializar. Para já, o foco é na sensibilização e na partilha de boas práticas, mas não descartam a possibilidade de vir a propor legislação sobre a matéria.


O movimento “Unidos Contra o Desperdício” tem como membros fundadores a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a Associação Portuguesa de Logística (APLOG), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA), a Dariacordar/Zero Desperdício, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares (FPBA), a Lisboa Capital Europeia Verde e a Refood.


O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já declarou apoio institucional à iniciativa que conta também com o apoio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.




Fonte: Observador

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