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Portugueses são público único para os iogurtes e obrigam a inovação permanente

 

São mais de 13 mil toneladas de iogurte consumidas em Portugal todos os anos e a maioria sai da fábrica de Castelo Branco, fundada em 1979 com a já extinta marca Iophil



Novos, doces e líquidos. E de morango. O consumidor português de iogurte destaca-se do resto da Europa e lida com o iogurte de forma muito própria, além de ter um consumo per capita mais elevado. "O português gosta de iogurte", diz Ludovic Reysset, o country manager da Danone em Portugal. Mas explica que se o consumidor nacional gosta de iogurtes, lida com o produto de forma diferente: "Por cá consome-se mais o iogurte como um snack, a meio da manhã ou meio da tarde. E por isso preferem também os líquidos, pelo seu lado conveniente".


Fora isso, os portugueses gostam também de provar coisas novas e para manter esse apetite, a Danone procura manter-se na linha da frente da inovação. "É uma categoria onde a inovação é a chave e o povo português gosta de inovações, é um dos povos que mais consome inovações. Em maio lançámos um batido de fruta, um novo iogurte sem lactose, líquido, e estamos muito na parte infantil. Quase 20% das nossas vendas são com inovações dos últimos 12 meses e este ano contamos lançar 30 produtos novos em Portugal, em 2020 lançámos 43 novidades sobre um total de 150 produtos que temos em Portugal". Quase todos produzidos em Castelo Branco.


A fábrica de onde saem os iogurtes da Danone foi fundada em 1979 e produzia a já desaparecida marca Iophil, criada pela família Gomes Filipe, daquela região, que a vendeu em 1989 à Danone. A marca francesa, por sua vez, vendeu a unidade à americana Schreiber em 2013, mas continua a manter ali as suas linhas de produção para o mercado nacional, com parte a ser exportada também para Espanha. Atualmente, a fábrica está em processo de expansão para acrescentar mais linhas de produção, o que deverá criar 40 novos postos de trabalho na região.



No início está o leite

A Danone faz questão de sublinhar a aposta nos produtos locais, com a estratégia a que chama local first. Para isso, conta com fornecedores locais de leite, com a fruta da empresa nacional Frulact, a cerca de 40 quilómetros desta unidade de Castelo Branco, e com as embalagens da Logoplaste, que tem uma mini-fábrica dentro das instalações da Danone, produzindo ali todas as garrafas para os iogurtes líquidos. Um pequeno espaço logo à entrada da unidade fabril e que está ligado às linhas de produção por tubos. As garrafas produzidas entram diretamente na linha sem qualquer necessidade de serem mexidas por mão humana e quase só são vistas na fase de enchimento.


Tal como o leite. Apesar de ser uma unidade que tem o leite como principal matéria-prima, este nunca é visto. Mesmo ao lado do espaço para a produção de garrafas, está o parque para os camiões-cisterna que diariamente trazem, em média, 150 mil litros de leite, a maioria diretamente do produtor M. Rito, que tem cerca de 500 cabeças em produção todos os dias. Na fábrica, o leite passa por uma primeira fase de arrefecimento numas máquinas com lâminas, os permutadores, que o aquecem e arrefecem novamente de forma muito rápida, em 15 segundos. É nesta fase que se faz também a separação da nata. É armazenado em silos, com capacidade para cerca de 500 mil litros, mas apenas por umas horas. Segue então por tubos para a fábrica e só os viewers permitem perceber que sim, naqueles tubos está leite.


Depois dá-se a normalização, uma etapa que equilibra as várias componentes do leite: maior ou menor quantidade de proteína ou gordura, por exemplo. O leite agora chamado de semielaborado passa por novos permutadores para ser arrefecido a uma temperatura de 2ºC a 4ºC. Segue-se a parte da receita propriamente dita, em que se controla a quantidade de fruta, as bactérias ou o açúcar a usar. São cerca de 200 toneladas de açúcar que a fábrica usa anualmente. Aqui, todo o processo é controlado por dois funcionários nos ecrãs dos computadores, porque tudo funciona de forma automática: basta inserir os ingredientes que se quer e a receita é executada ao pormenor. "Cada vez mais automatizado e mais seguro também. É um processo que nos permite evitar os erros, temos uma taxa de 99,9% de sucesso na fabricação e isso é importante. Há dois momentos chave na produção do iogurte: a fermentação e depois a injeção de bactérias, positivas, porque o iogurte é um produto vivo. Depois depende de cada iogurte. O Activia tem ainda uma bactéria adicional para ter mais efeitos na digestão e no nosso corpo. Na fermentação vai quase a 40ºC e depois desce rapidamente para entre os 0ºC e os 6ºC, que é a temperatura dos frigoríficos lá de casa", refere Ludovic Reysset.


Depois de umas horas na fermentação e de passar pelos agitadores, consoante seja ou não iogurte sólido, gelificado ou líquido, segue para o embalamento. No caso dos copos, estes são formados literamente segundos antes de receberem o iogurte; nos líquidos chegam por tubos diretamente da fábrica da Logoplaste. São fechados, rotulados e encaixotados. Uma fase que também foi atualizada: "Conseguimos reduzir a quantidade de cartão em cada pack e só de retirarmos as tampinhas de plástico dos líquidos foi possível poupar cerca de 200 toneladas de plástico por ano", continua.


Ali ao lado das barulhentas linhas de produção há os laboratórios de análise. Cada linha tem um "marcador ponto Q.". É aqui que se recolhem embalagens aleatórias para serem submetidas a análises e para ficarem uns dias em duas câmaras a 25ºC e a 30ºC. O objetivo é o de simular a degradação do produto ao longo do tempo e perceber o comportamento dos iogurtes. Uma fase que está a permitir à marca mudar a política quanto ao prazo de validade. "Queremos deixar o "consumir até:" para mudar para o "consumir de preferência antes de:". A ideia é combater o desperdício alimentar e este é um produto que aguenta bastante depois da data que é inserida na embalagem. No caso do iogurte é fácil, basta abrir a embalagem e se cheirar ou souber mal, percebe-se de imediato", explicam-nos.

Os iogurtes acabam num armazenamento refrigerado, antes da distribuição. Entre o leite chegar à fábrica e o produto final sair não passaram mais de dez horas.


Em Portugal, a Danone vende mais de 100 milhões de euros de iogurte, com uma quota de mercado de 35%, sendo que a tendência é de aumento do consumo, tanto nos iogurtes normais, mas também nos de proteína e "nos vegetais. Temos duas marcas vegetais e estão a crescer a 30, 40% nas vendas".



Números, dados e novidades

  • 20% das vendas da marca em Portugal são de novidades lançadas anualmente. Este ano vão ser 30.

  • 100 milhões em vendas: A Danone vende cerca de 100 milhões de euros em iogurtes no país. Tem uma quota de mercado de 35%.

  • Todos os dias chegam, em média, 150 mil litros de leite à fábrica. São 13 mil toneladas de iogurte por ano.

| Fonte: Dinheiro Vivo, 12 Junho 2021

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