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“A indústria já está a responder aos desafios das transições ecológica e digital”

Na opinião da project director na Alimentaria, a indústria alimentar e de bebidas já está a responder aos desafios decorrentes das transições ecológica e digital, gerando um impacto duradouro e contribuindo para a coesão económica, social e territorial. Céline Perez sublinha que, no difícil contexto atual, quase um quinto da oferta total do evento foi de empresas internacionais.





Quais são as principais conclusões a retirar das temáticas discutidas na Alimentaria 2022, a nível de tendências e desafios para o setor?


O Alimentaria Hub tem sido a grande ágora da Alimentaria sobre os alimentos do futuro. O programa consistiu em mais de 125 apresentações sobre tendências e inovação e reuniu a participação de cerca de duzentos especialistas. As temáticas abordadas centraram-se em dois grandes desafios do setor: sustentabilidade e transformação digital.


Tendo em conta as características e importância estratégica do setor, bem como o seu potencial para gerar um efeito impulsionador, a indústria alimentar e de bebidas já está a responder aos desafios decorrentes das transições ecológica e digital, gerando um impacto duradouro ao longo do tempo e contribuindo para a coesão económica, social e territorial.


De igual modo, as mais de cinquenta atividades gastronómicas programadas na Alimentaria & Hostelco 2022 mostraram as últimas tendências em técnicas, produtos e equipamentos, pela mão dos chefs mais prestigiados de Espanha. Concretamente, no The Experience Live Gastronomia by Alimentaria&Hostelco pudemos verificar que os melhores restaurantes apostam na sustentabilidade, na proximidade entre chefs e produtores locais e na valorização das confeções tradicionais, com o máximo respeito pela qualidade e origem das matérias-primas.



Que avaliação faz desta edição do evento em termos de oportunidades de negócio para as empresas do setor agroalimentar?


Reativação e internacionalização são os dois eixos que definem esta edição de 2022. A Alimentaria & Hostelco voltou à sua atividade de feiras, como a plataforma líder em Espanha para a indústria alimentar, o foodservice e a restauração e equipamento hoteleiro. A sua realização, quatro anos depois da anterior edição, foi um bom impulso para a reativação de setores estratégicos para a economia espanhola, que puderam voltar a reunir-se presencialmente para fazer networking e fomentar negócios, em um momento chave para o mercado.

Estamos muito satisfeitos com a confiança que muitas empresas de outros países depositaram mais uma vez na Alimentaria: das mais de três mil empresas expositoras, quatrocentas são internacionais, de 52 países. Estamos orgulhosos de que, num contexto como o atual, quase um quinto da oferta total do Salão tenha sido de empresas internacionais, fato que consolida o papel da Alimentaria e da Hostelco como referência global.


Por outro lado, dos cerca de cem mil visitantes profissionais registados no evento, 23% são internacionais, provindo de um total de 149 países. Entre eles, destaco a presença de 1400 grandes compradores convidados através do programa Hosted Buyers (em colaboração com o ICEX), e oriundos de mercados estratégicos para a exportação de alimentos e equipamentos hoteleiros, como a União Europeia, EUA e América Latina. Estes buyers participaram em cerca de 13 mil reuniões com empresas. Sem dúvida, estes encontros contribuem para a abertura de novas oportunidades de negócio no exterior e irão traduzir-se num notável aumento das vendas nestes mercados por parte das empresas participantes no evento.



Como avalia as tendências atuais que se destacam no setor da distribuição e retalho alimentar? Que mudanças podem ser previstas globalmente?


Enquanto principal evento do setor em Espanha e um dos maiores do mundo, a Alimentaria adapta-se continuamente às tendências e necessidades do momento. E, nesta edição, observámos claramente uma preocupação crescente dos consumidores em seguir uma alimentação saudável e reduzir o seu impacto ambiental.


Tendo em conta as mais de trezentas inovações apresentadas na feira, tudo indica que as empresas do setor estão focadas no desenvolvimento de produtos sustentáveis, funcionais e saudáveis. A ascensão da proteína vegetal exemplifica a resposta que a indústria alimentar está a dar aos novos hábitos de consumo. Também se destaca o aumento de formatos de conveniência e embalagens que respeitem o meio-ambiente, além de iniciativas que contribuem para o combate ao desperdício alimentar.



No atual contexto de pandemia e crise energética decorrente da guerra na Ucrânia, quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas do setor alimentar?


Os níveis de volatilidade e incerteza são atualmente muito elevados, pelo que a indústria alimentar deve ser capaz de se adaptar às circunstâncias adversas, como a subida dos preços da energia e das matérias-primas. Já estamos a assistir a uma enorme pressão sobre os preços dos alimentos, mas com a mesma força e resiliência que demonstrou durante a pandemia, o setor encontrará soluções para conter esta subida dos preços e, claro, garantir o abastecimento.


Por outro lado, mesmo reconhecendo a gravidade do conflito e as suas consequências a todos os níveis, o negócio na Ucrânia e na Rússia é muito reduzido para a grande maioria das empresas agroalimentares espanholas, em termos de volumes de exportação, pelo que o impacto não está a ser tão grave. Para combater a escassez de matérias-primas essenciais, como cereais provenientes da Ucrânia, é preciso procurar alternativas em outros mercados mundiais. De resto, essas alternativas já se estão a encontrar em países produtores da América do Sul, por exemplo.


|Fonte: Distribuição Hoje, 13 de Junho 2022

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