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Como reduzir o desperdício (quase) todo da sua família

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Não entre em pânico: não precisa de eliminar completamente o lixo da sua família para ter um grande impacto no ambiente. Descubra como começar.

Quando Ava Langridge tinha 15 anos, viu um vídeo no YouTube que explicava como é que a ativista ambiental Lauren Singer colocou quatro anos de lixo num frasco de meio litro. Inspirada, esta adolescente de São Francisco embarcou numa jornada para ajudar a sua família de cinco pessoas a aprender a viver sem desperdício.

“Em três meses, reduzimos o nosso lixo de três sacos por semana para menos de meio saco por semana”, diz Ava Langridge, agora com 17 anos, que tem mais de 45.000 seguidores na conta Zero Waste Teen no Instagram. “Muitas vezes, as pessoas veem o desperdício zero como uma coisa de tudo ou nada. Quero que as pessoas percebam que mesmo as ações mais pequenas podem ter um grande impacto.”

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, o americano médio produz mais de dois quilos de lixo diariamente. Embora parte deste lixo seja reciclada, a maioria – incluindo milhões de toneladas de alimentos por consumir e plástico descartável – acaba no lixo.

A maioria das pessoas faz a sua parte para tentar incorporar hábitos ecologicamente corretos nas suas vidas quotidianas. Mas algumas famílias foram mais longe e começaram a fazer parte do movimento desperdício zero: não enviar nada para os aterros sanitários, reduzir o consumo, reutilizar o máximo possível, reciclar e compostar o material restante. Isto pode parecer muita coisa, mas o termo em si é um bocado enganador.

“O desperdício zero é uma mudança de mentalidade”, diz Kathryn Kellogg, do site Going Zero Waste. “Trata-se de progresso, não de perfeição. O mais importante é entrarmos nisto com o compromisso de querer fazer melhor.”

Como é óbvio, ninguém espera que uma família chegue ao desperdício zero da noite para o dia. “É algo que acontece lentamente, requer dedicação e trabalho em equipa”, diz Fredrika Syren, jornalista ambiental e fundadora da Zero Waste Family. “Mas a boa notícia é a de que isto pode acontecer com um passo pequenino de cada vez.”

Na realidade, assim que a sua família se adaptar a novos hábitos, pode até vir a descobrir que reduzir o desperdício é mais fácil do que pensava. Eis o nosso guia para começar a sua jornada de desperdício zero.

Trabalhe em equipa. 

As famílias têm mais sucesso na transição para o desperdício zero se todos em casa prensarem da mesma maneira. Para Ava Langridge, isso significava criar uma apresentação para introduzir a sua família a uma vida de desperdício zero.

“Eu queria deixar a minha família tão entusiasmada quanto eu sobre isto”, diz Ava Langridge. “Depois de partilhar as minhas ideias, pedi a cada um dos meus familiares para pesquisar um tópico diferente, e que partilhasse o que aprendeu para que essa informação não partisse apenas de mim. Acho que eles acolheram a ideia muito melhor assim.”

Transforme os interesses em ação. 

Tente falar sobre a motivação que cada pessoa sente em relação a reduzir o desperdício, quer seja para proteger a vida selvagem, para manter o plástico longe do oceano ou passar a comer mais refeições à base de plantas. Depois, canalize estes interesses em etapas graduais como uma forma de iniciar a jornada de desperdício zero da sua família – e para manter as coisas a andar.

Por exemplo, uma criança mais nova que tenha paixão por tartarugas marinhas pode querer ensinar ao resto da família a importância de abdicar das palhinhas de plástico. Uma adolescente que tenha muito interesse em moda pode incentivar a família a ser mais consciente sobre as compras de vestuário e optar por começar a comprar roupa em segunda mão. As crianças que adoram passar tempo ao ar livre podem ficar encarregadas de cuidar da pilha de compostagem da família ou plantar um jardim de ervas.

Conheça o seu lixo. 

Não vai conseguir resolver o problema do lixo da sua família até saber o que está no lixo. “Muitos de estamos dissociados das coisas que atiramos fora porque há alguém que simplesmente as leva para outro lugar”, diz Kathryn Kellogg.

Mas se analisar o que tem no lixo – um exercício conhecido por auditoria ao lixo – vai perceber exatamente o que está a atirar fora. Esta consciencialização costuma ser o primeiro passo para determinar quais são os itens que podem ser trocados por alternativas reutilizáveis, os que podem ser usados na compostagem e os que podem ser reciclados. “Vasculhar o lixo ajudou-nos a ficar muito mais conscientes sobre as coisas que estávamos a consumir”, diz Ava Langridge.

Comece pelas pequenas mudanças. 

Depois de ter uma noção clara dos resíduos da sua família, pode começar a fazer algumas mudanças. Qual é a chave para o sucesso? Começar de forma pouco ambiciosa. O seu caixote do lixo está cheio de guardanapos? Mude para panos de tecido. Os alimentos embalados individualmente são os maiores obstáculos? Comprar a granel pode ser uma solução. Há muito desperdício alimentar? Comece a compostar. “Para as pessoas com vidas muito ocupadas, conquistar estas pequenas vitórias é muito importante”, diz Kathryn Kellogg.

Procure alternativas. 

A sabedoria do movimento desperdício zero dita que, por cada item descartável, existe uma alternativa reutilizável. Faça um jogo com a sua família onde cada pessoa tenta encontrar itens descartáveis.

Escolha uma divisão da casa (a cozinha ou a casa de banho é um bom lugar para começar), e dê à sua família uma lista com os itens mais comuns no lixo – sacos de plástico, papel de alumínio e talheres de plástico, por exemplo – e peça-lhes para os identificarem. De seguida, revejam a lista em conjunto e façam um plano para lidar com o lixo nessa divisão. Uma boa estratégia é identificar alguns itens mais fáceis de trocar (como usar lápis antigos em detrimento das variedades de plástico) e eliminar esses itens primeiro. As crianças podem brincar várias vezes a este jogo, procurando novos itens numa divisão diferente de cada vez.

A melhor parte disto tudo é eliminar o lixo divisão por divisão, evitando o desgaste que é pensar na redução de resíduos, facilitando assim a continuação destes hábitos. “Concentre-se em construir a base”, diz Kathryn Kellogg. “Depois de estabelecidas as fundações, pode construir a partir daí.”

Repense a lancheira. 

As embalagens de iogurtes, de palitos de queijo ou as saquetas com molhos são itens de porção única que usamos pela sua conveniência, mas a maioria destas embalagens acaba nos aterros sanitários. Uma solução divertida? Desafie os seus filhos para eles embrulharem um lanche com desperdício zero.

Comece por pedir aos seus filhos para trazerem o lixo do almoço para casa todos os dias durante uma semana. Depois da escola, as crianças podem separar o lixo por secção – aterro sanitário, reciclagem e compostagem. (Digamos que é uma espécie de auditoria ao lixo da lancheira.) Depois, peça às crianças para pensarem em formas de reduzir o número de coisas que atiram fora. Isto pode significar que começam a levar comida caseira acondicionada em materiais reutilizáveis.

Crie um lema. 

Compreender as consequências do nosso lixo é uma maneira de ajudar as crianças a adotar uma mentalidade de desperdício zero. É por isso que uma espécie de lema familiar pode deixar todos em casa mais atentos ao que consumem, que muitas vezes é o primeiro passo para começar a reduzir o desperdício.

Pode ser uma coisa simples como “450 anos” – que é a quantidade de tempo que os cientistas estimam que uma garrafa de plástico demora a decompor. Adquira o hábito de repetir o lema antes de comprar itens de plástico descartável. O seu filho adolescente gostar de beber sempre uma bebida energética depois de praticar desporto? 450 anos. O jantar que manda vir semanalmente resulta em meia dúzia de recipientes de plástico? 450 anos.

Outros lemas a considerar: “7570 litros” (a quantidade de água necessária para cultivar algodão e fabricar um par de calças de ganga), ou “opto por recusar…” fast fashion, uma palhinha de plástico ou o telemóvel mais recente quando o antigo ainda funciona sem problemas.

Seja paciente. 

Acompanhe o progresso da sua família para ajudar a compensar alguns sentimentos de frustração que possam surgir. Comece por definir um objetivo mensurável – encher apenas dois sacos de lixo por semana em vez de quatro, por exemplo, e faça uma lista de etapas exequíveis para conseguir alcançar esse objetivo. Todas as semanas, sente-se em família e converse sobre o que funcionou e quais os desafios que enfrentaram, tendo em mente que reduzir o desperdício também é um processo.

“Eu passei de achar que não éramos perfeitos para perceber que já tivemos um grande impacto”, diz Ava Langridge. “Daqui para a frente só podemos melhorar.”

Fonte: Nationalgeographic

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