Programa tem como objetivo promover modelos económicos mais responsáveis. Nesta quinta edição, concorreram 84 start-ups de 39 países.
A portuguesa Exogenus Therepeutics, a polaca Proteon Pharmaceiticals e a holandesa Sophie’s BioNutrients são as vencedoras do programa Blue Bio Value Acceleration.
A Exogenus Therepeutics é portuguesa e procura transformar subprodutos da produção de macroalgas em soluções para a indústria de cuidados de saúde, baseadas na tecnologia nanovesicle. Estas soluções comercializáveis têm origem na recuperação de vesículas extracelulares, provenientes de águas residuais enquanto a água “purificada” volta para o sistema, reduzindo o desperdício de água.
A Proteon Pharmaceiticals, é polaca e desenvolve soluções para modelar o microbioma e melhorar a saúde animal e humana. Esta empresa remove antibióticos da cadeia alimentar, através do desenvolvimento de um cocktail à base de bacteriófagos, que é adicionado às rações de aquacultura.
A Sophie’s BioNutrients é holandesa e aproveita subprodutos da indústria alimentar para desenvolver uma proteína com base vegetal a partir de macroalgas que existirá como uma alternativa a produtos alimentares existentes.
Com uma duração de sete semanas – cinco remotas e duas presenciais – a edição deste ano do Blue Bio Value Acceleration contou com a participação de 18 start-ups provenientes de 12 países (Canadá, Chile, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos da América, Lituânia, Noruega, Holanda, Polónia, Portugal e Suíça).
Estas três start-ups são agora premiados com um valor global de €45.000, que deverá ser aplicado no desenvolvimento dos projetos de cada uma através da Blue Demo Network, uma rede de serviços de bioeconomia azul, sediada em Portugal, cuja missão é apoiar as start-ups a encontrar nas infraestruturas e serviços portugueses, respostas às suas necessidades de desenvolvimento tecnológico e de mercado.
Para Luís Jerónimo, diretor do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável, “só encontrando novos modelos de negócio – com impacto positivo nas pessoas, na economia e no planeta e que assegurem retorno financeiro – conseguiremos prosperar no futuro. É uma mudança de paradigma necessária, que passa por potenciar também o capital natural do oceano – e a bioeconomia azul em particular. Hoje, mais do que nunca, acreditamos estar no caminho certo: ao longo de cinco edições, apoiámos dezenas de start-ups que se transformaram em empresas de sucesso num mercado que, tudo indica, crescerá exponencialmente ao longo da próxima década.”
Tiago Pitta e Cunha, administrador executivo da Fundação Oceano Azul, destacou o sucesso desta quinta edição e salientou o potencial que a economia azul tem para a economia portuguesa, destacando que “após cinco edições de Blue Bio Value, hoje vivemos um momentum criador de novas oportunidades, com o crescimento de muitas start-ups de biotecnologia azul. Novos fundos de investimento entraram no mercado. Grandes grupos económicos procuram soluções baseadas na biotecnologia azul. Vivemos tempos favoráveis, mas não são tempos para parar. Devemos continuar a trabalhar para a bioeconomia azul se tornar a realidade da nova economia sustentável que todos queremos abraçar.”
É de destacar que participaram também nesta edição start-ups que desenvolvem negócios ligados ao restauro de ecossistemas marinhos, à produção sustentável de algas para fins como a alimentação e a cosmética, ligados às tecnologias para monitorização costeira e prevenção de riscos associados às alterações climáticas ou à sustentabilidade das atividades piscatórias.
Este ano, as candidaturas recebidas chegaram a um total de 84 start-ups de 39 países, de entre as quais foram selecionadas 18, oriundas de 12 países distribuídos por 4 continentes. O número e abrangência geográfica dos participantes reforça relevância desta iniciativa e do dinamismo do setor, tanto em Portugal como internacionalmente.
O programa Blue Bio Value é promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação Oceano Azul, em parceria com a MAZE e a Bluebio Alliance. Integra as vertentes de Ideação e de Aceleração e tem como objetivo promover modelos económicos mais responsáveis, com impacto positivo na sustentabilidade do oceano e assentes no aproveitamento de biorecursos marinhos, segundo princípios de circularidade, desperdício zero e descarbonização.
|Fonte: Computer World, 4 de Novembro 2022
Comments