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Desperdício Zero. Pela sustentabilidade e economia circular

Movimento quer que práticas mais amigas do ambiente deixem de ser "aspiração" nas empresas e se tornem "compromisso total com o futuro do planeta".



André Gonçalves, diretor do Compromisso Zero Desperdício © D.R

O Movimento Zero Desperdício quer alavancar práticas mais sustentáveis e a economia circular junto das empresas portuguesas. Por isso, lançou o projeto Compromisso Zero Desperdício que, através de uma campanha de sensibilização no próprio site e nas redes sociais, procura incentivar as empresas a assumir firmemente compromissos para acabar com o desperdício em todas as suas formas.


O objetivo é solucionar uma lacuna comportamental nas empresas, "a sustentabilidade tem que deixar de ser uma mera aspiração para se transformar num compromisso total com o futuro do planeta", segundo explica André Gonçalves, diretor do Compromisso Zero Desperdício, ao Dinheiro Vivo.


Sob o mote "Este é o zero que nos une" e o apoio institucional do governo, através da Secretaria Geral do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, o movimento quer que as empresas alinhem as suas práticas com critérios ESG (governação ambiental, social e corporativa). Uma das formas é através da inscrição das empresas no projeto Compromisso Zero Desperdício, no site do movimento. A inscrição levará à criação de uma rede de organizações comprometidas com metas concretas para atividades de produção mais inclusivas e sustentáveis, e que as ajudem a promover a circularidade dos resíduos.


"Atualmente, as políticas de sustentabilidade estão cada vez mais presentes nas organizações, mas ao mesmo tempo vemos também um crescente surgimento de alegações ambientais, pelo que sentimos a necessidade de alavancar o projeto Compromisso Zero Desperdício que tem uma estrutura e processo que permite gerar confiança nas organizações que forem reconhecidas com o compromisso. Este é um compromisso que premeia a preocupação ambiental, social, económica e ética das organizações portuguesas e, consequentemente, reforça a importância da questão da sustentabilidade", explica André Gonçalves.


O responsável garante que o reconhecimento das empresas comprometidas com práticas "desperdício zero" e a comunicação desse compromisso junto dos consumidores será levada a cabo por uma comissão técnica isenta. Portugal enfrenta "realidades distintas" nesta matéria, em particular na componente da gestão de resíduos. Segundo André Gonçalves, por um lado, tem-se verificado "oscilações" e aumentos nos resíduos não urbanos, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, de 2018 - ano em que se superaram os dez milhões de toneladas de resíduos não urbanos produzidos. "O que representa mais de 90% do total de resíduos produzidos", sublinha. Por outro, a produção de resíduos urbanos "tem-se mantido estável".


"As diferenças começam a existir quando olhamos para as operações de valorização e eliminação de resíduos, sendo que nos resíduos não urbanos temos mais de 80% de operações de valorização, o que não é verdade para os resíduos urbanos que apenas têm em torno de 50% de resíduos com operações de valorização", conta o diretor do projeto. Isto significa que há oportunidades para desenvolver medidas no âmbito da economia circular, que devem "ser exploradas pelas organizações portugueses". "Garantir que temos uma economia mais preparada para as gerações futuras", realça, é o objetivo.

Em Portugal, os setores da construção, metalurgia, comércio e serviços e o das indústrias extrativas, são os que mais desperdiçam, segundo André Gonçalves. Assim como os setores têxtil, vestuário, calçado e alimentar - estes últimos têm "potencial para a circularidade" dos resíduos.


André Gonçalves salienta que há "múltiplas soluções", dependendo da indústria e do setor. Mas todas têm uma característica em comum. "Só podem ser desenvolvidas colaborativamente e com um foco no impacto", afirma. Outro caminho para atingir o desperdício zero é "dinamizar os clusters de sustentabilidade em Portugal e posicioná-los numa rede nacional e internacional com partilha de boas práticas, de casos de sucesso e que vise a comunicação eficaz de políticas integradas e de reporte de informação". Essa "é chave para melhor reconhecer o cenário atual e promover um cenário futuro mais sustentável e integrado em toda a cadeia de valor", defende.


Ainda que questionado, André Gonçalves não indica quanto a economia nacional perde com a geração de resíduos fruto do desperdício. Mas lembra que em 2015 já se estimava que a economia circular tinha "um potencial de 4,5 triliões de dólares [3,9 biliões de euros] ao nível do crescimento económico mundial até 2030".


"Um verdadeiro cenário zero desperdício" não resultará apenas de políticas e práticas mais sustentáveis. Sobretudo nas gerações mais novas a pressão para que as organizações sejam cada vez mais verdes é maior", o que também tem influência no comportamento das empresas em matéria de sustentabilidade.


|Fonte: Dinheiro Vivo , 26 de Dezembro de 2021

 
 

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