Ideia está patente num relatório do Tribunal de Contas Europeu.
17 Janeiro 2021 Sábado
A União Europeia (UE) deve tornar mais eficazes as medidas que adota para combater o desperdício alimentar, defende o Tribunal de Contas Europeu num relatório hoje divulgado.
De acordo com o documento, "apesar de existir um conjunto de políticas da UE que permitem lutar contra o desperdício alimentar, esse potencial não é explorado", tendo "as ações desenvolvidas até ao momento sido fragmentadas e esporádicas, com falta de coordenação ao nível da Comissão Europeia (CE)".
"A última proposta da UE para lidar com o desperdício alimentar, a criação de uma plataforma, não responde totalmente aos problemas identificados no relatório", referem os auditores.
Sublinhando que "o desperdício alimentar é um problema mundial que exige a adoção de medidas a todos os níveis" e que "as estimativas atuais indicam que, globalmente, cerca de um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado ou perdido", o relatório aponta como causa da ausência de progressos "a inexistência de uma definição comum de 'desperdício alimentar' e de uma base de referência acordada, a partir da qual orientar as reduções nesta matéria".
Segundo os auditores, esta situação, cujo "custo económico e ambiental é muito elevado", persiste "apesar dos repetidos apelos do Parlamento Europeu, do Conselho, do Comité das Regiões, do G20, entre outros, para que a UE participe na redução do desperdício alimentar".
"O nosso relatório para a Comissão Europeia identificou um conjunto de oportunidades perdidas e de potenciais melhorias que não exigiriam novas iniciativas legislativas nem mais dinheiro público", disse Bettina Jakobsen, o membro do Tribunal de Contas Europeu responsável pelo relatório.
"Mas, ao concentrar os seus esforços na criação de uma plataforma, a Comissão perde mais uma oportunidade para lidar de forma eficaz com o problema", argumentou.
Na opinião da responsável, aquilo que agora é necessário é "uma melhor harmonização das políticas existentes, uma melhor coordenação e um objetivo político claro de redução do desperdício alimentar".
Os auditores refletiram sobre a forma como as atuais políticas podem ser mais eficazmente utilizadas e fizeram, no relatório, várias recomendações à CE, entre as quais "identificar e resolver os obstáculos legais aos donativos alimentares, incentivar uma maior utilização das possibilidades de doação existentes e ponderar formas de a facilitar noutros domínios políticos".
No entanto, Bettina Jakobsen comentou hoje que essas recomendações "sobre como desenvolver a política futura foram ignoradas ou apenas parcialmente aceites" e que "o projeto de orientações apenas transfere o problema para os Estados membros".
Fonte: Sábado
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