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Portugal lança movimento Unidos Contra o Desperdício

Indústria, distribuição e associações portugueses lançam movimento Unidos Contra o desperdício esta terça-feira, Dia Internacional de Consciencialização sobre o Desperdício Alimentar.


29 Setembro 2020 Diário de Notícias



Dia Internacional de Consciencialização sobre o Desperdício Alimentar, instituído em julho pela Assembleia Geral das Nações Unidas, é comemorado pela primeira vez esta terça-feira, 29 de setembro. Em Portugal, a sociedade civil decidiu lançar o movimento Unidos Contra o Desperdício.


"O objetivo é juntar todos numa mesma plataforma, de aprendizagem e de consciencialização para o desperdício: quem está na área operacional, na distribuição, no associativismo, etc. Cada um de nós faz coisas para combater o desperdício, mas não estamos articulados e esta é uma forma de nos articularmos para sensibilizar a população", explica Paula Policarpo, da DARiAcordar/Zero Desperdício, associação criada em 2011 e um dos parceiros fundadoras do novo movimento.


Unidos Contra o Desperdício partiu de uma ideia da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, é apadrinhado pelo Presidente da República e tem como parceiros fundadores a AHRESP (hotelaria e restauração), a APED (distribuição), a APLOG (logística), a CAP (agricultura), a CIP e FIPA (indústria), a DARiAcordar e Refood (associações) e LISBOA CAPITAL EUROPEIA VERDE.


A ideia é que as diferentes organizações possam trabalhar em conjunto e que não fechem em quintinhas, acrescenta Paula Policarpo. Sublinha: "É uma resposta ao apelo da ONU, que decidiu criar este dia. Achámos importante articular os nossos esforços e conscientizar a população. É verdade que hoje estamos mais atentos ao desperdício alimentar, mas é nas nossas casas e na produção que há mais desperdício, não é no retalho. Não há leis para penalizar o desperdício nas nossas casas e os comportamentos só se podem alterar através da consciencialização".

Não visam substituir ninguém, apenas dar "palco a todos os que lutam ativamente contra o desperdício alimentar e quer tornar habitual o aproveitamento de excedentes, alertar para perdas e desperdícios, incentivar e facilitar a doação das sobras e promover o consumo responsável", defendem no seu manifesto.


Em nove anos de atividade, a DARiAcordar/Zero Desperdício é hoje uma rede nacional de doadores e recetores. Recolheram cerca de 11 milhões de refeições equivalentes recuperadas, cada uma com 500 gramas de produto alimentar nos vários componentes e que tem um valor pecuniário de 2,5 euros. São sobras de restaurantes e da hotelaria mas também de outros estabelecimentos que gerem comida, como os hospitais. Os recetores são as associações, juntas de freguesia, misericórdias, Instituições de Solidariedade Social (IPSS), cerca 500 no total.


A associação acaba de ganhar um apoio do Fundo Alimentar para encontrar soluções que reduzam o desperdício têxtil, "que é o mais poluente de todo o mundo, só superiorizado pelo petróleo", diz a sua presidente. E esperam alargar o modelo de atuação às competências humanas, aproveitando os talentos que estão se ser desaproveitados, sobretudo nesta fase de pandemia que levou ao despedimento de muitos profissionais.


Não há dados oficiais sobre Portugal, mas estima-se que um milhão de toneladas de alimentos são deitados para o lixo e que dariam para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no nosso país", segundo os fundadores do movimento Unidos Contra o Desperdício.


Outros números: Um terço da comida que se produz está condenado ao desperdício e 17% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores. O desperdício de alimentos é responsável pela emissão de gases de efeito de estufa equivalente à rede global dos transportes terrestres, contribuindo para o aquecimento global. Se este desperdício fosse aproveitado, seria suficiente para alimentar dois mil milhões de pessoas. Daria para dar de comer duas vezes a todos aqueles e aquelas que passam fome em todo o mundo.


Na Europa, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desaproveitados anualmente, com um custo estimado de 143 mil milhões de euros.




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