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Portugal ainda está a tempo de vencer a batalha contra o desperdício alimentar




Em setembro de 2015, há sete anos, 193 países assinavam a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e, assim, selavam publicamente o seu compromisso em reduzir para metade o desperdício global de alimentos per capita ao nível do retalho e do consumidor e reduzir as perdas de alimentos ao longo de toda a cadeia de valor.

Hoje, a 8 anos apenas de cumprir o prazo limite, em 2030, é a altura certa para colocar a seguinte questão: Qual tem sido o progresso dos países e qual é a posição de Portugal nesta batalha?

É inegável que os números de desperdício alimentar ainda são preocupantes: 2.5 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente em todo o mundo (WWF 2021). Segundo a FAO, 89 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os anos na UE, o que representa 179 kg per capita. Ou seja, um terço dos alimentos produzidos globalmente é desperdiçado. Portugal desperdiça um milhão de toneladas de alimentos por ano (PERDA 2012).

Ao longo dos últimos 6 anos, vários foram os países que aplicaram leis que abordam o desperdício de alimentos: França (2016), Itália (2016) e Espanha (lei prevista para entrar em vigor em janeiro de 2023). Estes países assumem assim passos, e legislações, que incluem medidas relevantes que implicam compromissos e obrigações, tanto do setor público quanto do privado. Reconhecendo a relevância da medição do desperdício de alimentos e estabelecendo uma hierarquia de resíduos a ser seguida pelos operadores da cadeia alimentar.

Também fora da UE, na Noruega, o setor privado celebrou um acordo com o governo por meio do qual estabelece submetas de redução do desperdício alimentar, bem como compromissos de medição do mesmo.


Portugal aprovou em 2021 o seu regulamento de desperdício alimentar, segundo o qual as empresas devem tomar medidas para a redução do mesmo e, a partir de 2024, não poderão descartar alimentos que ainda estejam aptos para consumo. As empresas devem portanto, procurar instrumentos e soluções, que lhes permitam reduzir o desperdício alimentar, através de soluções complementares para o consumidor - como é o caso da aplicação Too Good To Go, e outras - e reduzir a quantidade de alimentos excedentes que são descartados, através de doações.


É importante frisar que, de acordo com este regulamento de desperdício alimentar, as empresas que ainda não conseguiram reduzir a zero o seu excedente alimentar através dessas medidas e tenham um volume de negócios anual superior a 50.000.000 € ou que empreguem 250 ou mais pessoas devem doar todos os alimentos excedentes que ainda assim lhes restam, estando estes aptos para consumo, ou que tenham perdido a sua condição de comercialização, desde que existam operadores disponíveis para a sua receção no concelho onde se localizem.

Na Too Good To Go acreditamos que, juntos temos mais impacto. Razão pela qual, também, desenvolvemos projetos que se balizam por 5 pilares: o nosso Marketplace (a App), Educação, Public Affairs, Empresas e Agregados Familiares.

Em novembro de 2021, a Too Good To Go foi aceite na Plataforma da UE sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, um projeto a cinco anos que reúne atores do setor público e privado de todos os países da UE, para abordar questões como a redução do desperdício alimentar pelo consumidor, a redução de barreiras para a doação de alimentos, a introdução de metas de redução de desperdício alimentar juridicamente vinculativas, e ainda, abordar o desperdício de alimentos relacionado com os rótulos das datas de validade.

Em Portugal, sem dados recentes sobre a quantidade de desperdício de alimentos a nível nacional, será mais difícil estabelecer prioridades e avaliar o progresso do país. Os últimos dados disponíveis datam de 2012. Serão necessários compromissos mais específicos por parte dos setores público e privado para que consigamos - juntos - progressos reais nesta matéria.

Uma verdadeira mudança neste tema exigirá mais esforços nacionais para que Portugal possa acompanhar a tendência europeia, dar um passo em frente e tornar-se um dos países da UE pioneiros no combate ao desperdício alimentar. Em suma é crucial medir para tangibilizar soluções que nos permitam atingir as metas globais.

Nuno Plácido, Country Manager Too Good To Go Portugal




|Fonte: Dinheiro Vivo, 23 de Setembro 2022

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