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Neste fim de ano, um brinde às empresas pelo cuidado com a natureza e a biodiversidade!



Queremos que este quadro global de biodiversidade faça uma diferença. Temos hoje mais de 330 empresas e instituições financeiras de 52 países que vos pedem que tornem obrigatória a declaração das dependências e impactos empresariais na Natureza e Biodiversidade. Nunca antes se viu esta dinâmica da comunidade empresarial. Necessitamos de um contexto de regulação concorrencial equitativo e não do mínimo denominador comum. Precisamos da vossa coragem. Não vai ser fácil, mas estas empresas e instituições financeiras irão apoiar-vos.» Palavras de Eva Zabey, secretária-geral Business for Nature durante a COP15 da Convenção para a Biodiversidade da ONU que decorreu em Montréal este mês.

Momento raro num impasse tenso que testemunhei. Intervenção concisa e curta, mas apaixonada, a pedido da União Europeia, aos negociadores presentes na discussão da nova convenção. Foi uma estreia. A primeira vez que as negociações foram assistidas por delegados empresariais, atraindo a participação numerosa das empresas, mais de 600 pela primeira vez numa Conferência das Partes, a 15ª realizada num nevado Canadá francófono. E, inédito, a intervenção dos empresários recebeu um entusiasta aplauso dos negociadores, mudando o sentimento da sala e iniciando a convergência para o acordo, ambicioso, anunciado no dia 18, pela China que presidiu ao evento.

Surpreendidos por exigências, das empresas para as empresas, superiores às suas, os governos de 196 países participantes corresponderam. O acordo estabelece até 2030: conservação de um mínimo de 30% de todos os ecossistemas do planeta, redução em 50% das espécies invasivas, da poluição nociva à biodiversidade e do desperdício alimentar, reforma dos subsídios nocivos até 500 mil milhões de dólares, 200 mil milhões de dólares por ano para conservação e a declaração por grandes empresas das suas dependências e impactos na biodiversidade.

Porque as empresas estão preocupadas (muito preocupadas!) com o alarmante declínio em curso. Sem biodiversidade não há alimentos, medicamentos, têxteis, cosméticos, clima estável, solos ou água potável. Nem resiliência dos ecossistemas, desenvolvimento ou futuro.

Trata-se da variedade de seres vivos, cada um com características e funções únicas nos ecossistemas. É a diversidade de espécies (plantas, animais, fungos, bactérias, etc.), de variedades (raças de cães ou castas de uvas), de genes e suas funções. Estima-se 1 milhão de espécies ameaçadas de extinção iminente, quase 900 já declaradas extintas nos últimos 500 anos, colocando a aceleração da perda ao nível da extinção dos dinossauros, que não contribuíram conscientemente para ela. Hoje, apenas três (milho, soja e arroz) entre milhares de espécies comestíveis, representam 50% da alimentação humana.


Portugal assumiu o seu lugar. Em coordenação com a União Europeia, os negociadores portugueses anunciaram o objetivo de atingir 80% de energias renováveis até 2026 e o compromisso com a conservação de 30% dos ecossistemas até 2030 e com o novo Quadro Global para a Biodiversidade. Mostraram produtos portugueses de zonas já protegidas: queijos, compotas, frutos secos, enchidos. Poderiam ter estado vinhos (também há nessas zonas) obtidos da biodiversidade essencial à sua identidade, qualidade e sustentabilidade.

A maior empresa portuguesa de vinhos marcou presença, defendendo o papel essencial deste setor na conservação da biodiversidade. É em Portugal que se desenvolve o mais ambicioso projeto de conservação da diversidade da videira no mundo, a PORVID. E a exemplar gestão da biodiversidade nas regiões vitivinícolas inclui reconhecidos modelos de gestão da paisagem (Douro e Pico, classificados pela UNESCO) com inegável valor patrimonial, económico e social para comunidades e cadeias de valor ligadas à produção, comércio de vinhos e enoturismo. A conservação da biodiversidade funcional e uso dos serviços de ecossistema nas vinhas dos Vinhos Verdes ao Alentejo, resultam de investigações das universidades portuguesas e são transferidas por associações de agricultores como a ADVID, modelo de uma desejável e inadiável tração empresarial.

São, porém, as empresas e suas marcas que levam ao consumidor uma agricultura equilibrada com a natureza como melhor garantia da sua conservação e dos valores e benefícios associados, propondo a biodiversidade à diversidade de gostos e preferências das pessoas.

E, assim, transformam consumidores, pelas suas escolhas, em responsáveis curadores da Natureza e Biodiversidade.






|Fonte: Dinheiro Vivo, 29 de Dezembro 2022

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