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Gin com maçã de Alcobaça dá vida a fruta feia

 

Bruxelas estima que 50 milhões de toneladas de frutas e legumes vão para o lixo todos os anos. A adega Lemos Figueiredo quer cortar desperdício em Portugal. E também usa vidro reciclado.



Dar vida à fruta feia que não se vende é o objetivo que está na origem de um novo gin de marca nacional. Chama-se Casanova e é o único do mundo a ter certificação da Maçã de Alcobaça e o primeiro a usar vidro reciclado.

Empresa familiar dedicada à produção de bebidas artesanais utilizando as frutas da região, da Lemos Figueiredo - Adega das Frutas de Alcobaça já saíram ginja e vermouth de cariz sustentável e nasce agora o dry gin que utiliza maçã de Alcobaça na destilação, em garrafa feita a partir de vidro antigo, com um rótulo de papel cotton, reciclável, biodegradável e livre de plástico.

"Hoje não basta ter um bom produto, é importante ter um produto que marque pela diferença e que acompanhe as preocupações dos consumidores - e a sustentabilidade é uma delas", explica Mariana Figueiredo, master distiller e responsável de marketing da adega.

Com os bares fechados pela pandemia, a adega abriu-se ao digital, vendendo ao consumidor a partir do site criado. O gin Casanova é assim o primeiro da sua raça que contribui para a diminuição da produção de dióxido de carbono no setor - por cada 6 toneladas de vidro reciclado utilizado, a produção de CO2 é reduzida em uma tonelada. "A utilização de vidro 100% PCR (vidro reciclado pós-consumo) faz que não existam duas garrafas iguais e essa imperfeição é aceite tal como acontece com as maçãs Casa Nova utilizadas, que dão o nome ao produto", explicam os responsáveis da adega, que à fruta juntaram cardamomo e outras ervas para criar este dry gin.

"Estima-se que, na União Europeia, 50 milhões de toneladas de frutas e legumes vão para o lixo todos os anos e em Portugal, segundo o PERDA, um terço da fruta produzida também é desperdiçada. São números alarmantes e com grande impacto a nível ambiental e social", descreve Mariana Figueiredo para justificar que o Casanova queira contribuir para reduzzir esses números, usando exclusivamente as maçãs habitualmente rejeitadas pelo consumidor por não serem bonitas. "A cada copo, o consumidor sabe que está a contribuir para um mundo melhor", resume a master distiller.

A adega já embarcara nesta viagem com o vermouth Hernandez, que segue a tradição do avô espanhol Salomão Hernandez e recorre às maçãs feias da região, juntamente com uma seleção de outras 16 frutas, raízes e ervas, bem como com a ginja, que arrancou o projeto. Esta nasce da vontade do pai, Salomão Figueiredo, e dos três filhos: "Comecei a fazer ginja caseira na nossa garagem e a dar a provar à família e amigos. O resultado agradou-nos e rapidamente percebemos que tinha potencial para ser mais do que uma brincadeira. E apesar de nenhum estar ligado a esta área, começámos a reunir-nos cada vez mais na garagem e a fazer experiências", conta Salomão, descrevendo a criação da Ginja Lemos Figueiredo, que já conquistou várias distinções internacionais e nacionais, tendo em 2020 sido medalha de ouro no Monde Selection Bruxelles, medalha star no Internacional Taste Institute Brussels e prata na competição Spirits Selection, entre outros prémios.

| Fonte: Dinheiro Vivo 31 de Maio 2021

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