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Fundação Calouste Gulbenkian distingue “Novos Talentos Científicos” da U.Porto

Programa de bolsas vai apoiar projetos de nove estudantes nos domínios das tecnologias quânticas, sustentabilidade, inteligência artificial, física e matemática.



Nuno Ricardo, Jeff Anderson, Rodrigo Tuna, André Moreira e Pedro Gonçalo foram os cinco estudantes da FEUP selecionados pela Fundação Calouste Gulbenkian. FOTO: DR

Nove estudantes da Faculdade de Engenharia (FEUP), da Faculdade de Ciências (FCUP) e da Faculdade de Economia (FEP) da Universidade do Porto foram selecionados para integrar a edição 2021 do programa “Novos Talentos Científicos”, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian que tem como objetivo apoiar projetos de iniciação à investigação e inovação científica de estudantes do ensino superior em Portugal.


André Moreira e Nuno Costa, estudantes do 3.º ano da Licenciatura em Engenharia Informática oferecida pela FEUP e pela FCUP, foram selecionados no âmbito do programa em Tecnologias Quânticas com uma bolsa de investigação de 10 meses que lhes vai permitir explorar desafios relacionados com a computação quântica, funcionando como uma “ferramenta para resolver problemas de interesse prático que a computação clássica não consegue tratar”.


Os bolseiros vão desenvolver atividade de investigação em tópicos com alto potencial de impacto. André Moreira propõe-se estudar algoritmos quânticos que possam ser aplicados a problemas de otimização em contextos que podem ter impacto na sustentabilidade global. Já Nuno Costa vai sobretudo focar-se em técnicas baseadas em propriedades de programas para assegurar a sua correção.


“Este programa financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian é altamente prestigiante, no sentido em que promove a capacitação de investigação e inovação científica no ensino superior português. Estes alunos demonstram um interesse partilhado pelas áreas da Física, da Matemática e da Computação. Este interesse, aliado à sua formação atual com o lançamento da nova licenciatura em Engenharia Informática a funcionar em parceria com a Faculdade de Ciências da U.Porto, prepara-os para os desafios que a sociedade enfrenta e que, cada vez mais, vai precisar de recorrer à computação quântica”, admite João Paulo Fernandes, um dos professores do Departamento de Engenharia Informática orientador dos trabalhos de investigação em curso.


“Desde há algum tempo que tenho interesse na área de investigação, pelo impacto que pode ter em todo o mundo, e por isso considerei que esta bolsa seria uma boa oportunidade para mim. Tenho expetativas elevadas em relação a esta área das tecnologias quânticas e em descobrir qual poderá ser o meu futuro profissional”, esclarece André Moreira.


Por sua vez, Nuno Costa vai “explorar técnicas de testes metamórficos em programas quânticos” e assim contribuir para a sustentação da investigação que está a ser desenvolvida em tecnologias quânticas na Faculdade de Engenharia. Ao mesmo tempo, esta bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian vai permitir-lhe “aprender mais e ter acesso a mais recursos nesta área da computação quântica”, o que há muito ansiava.



Da Sustentabilidade Ambiental…


Jeff Anderson é estudante internacional do 1.º ano do Mestrado em Planeamento e Projeto Urbano e foi um dos selecionados na categoria de Sustentabilidade Ambiental pela Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto escolhido foca-se na gestão sustentável de resíduos urbanos, com especial atenção na dicotomia “desperdício alimentar / fome nas cidades”.


“Durante as minhas investigações percebi que há uma dicotomia grave entre os dois. Para compreender melhor este problema vou estudar bem o conceito de “”Nature Based Solutions – NbS” e as organizações sociais semelhantes à Refood. O ponto de partida será Portugal e a partir daí alargar o campo de pesquisa até ao Brasil, França, Itália, Espanha, Dinamarca e India”, todos eles “países que possuem uma forte rede social para combater o desperdício e, com isso, desenvolveram novas tecnologias de gestão”, explica o jovem brasileiro.


As expectativas são elevadas. O grande objetivo é solucionar os graves problemas ambientais causados pelos resíduos e testar uma nova tecnologia a ser desenvolvida no Parque de Serralves, junto com a comunidade “para atender a Agenda 2030 e elencar a cidade do Porto às top5 do mundo em cidades sustentáveis”, realça o estudante de mestrado da FEUP.


Por enquanto é tempo de mergulhar na legislação sobre estas tecnologias sociais e perceber como funcionam na prática estas organizações. A dedicação à causa levou Jeff Anderson a aderir ao voluntariado e hoje dedica-se à Reffod – Foz do Douro, que em breve vai formar uma nova equipa para a freguesia do Bonfim. Até porque, remata o estudante, “juntos podemos acabar com o desperdício e a fome”.


… à Inteligência Artificial


Além das tecnologias quânticas e da área da sustentabilidade ambiental, o Programa de Bolsas Gulbenkian Novos Talentos Científicos selecionou ainda Rodrigo Tuna Andrade e Pedro Correia na área de Inteligência Artificial. Sob orientação de Ana Paula Rocha e de Henrique Lopes Cardoso, os estudantes de 3º ano da Licenciatura em Engenharia Informática têm 10 meses para dedicar-se a projetos relacionados com esta temática.


O projeto de Pedro Correia incidirá sobre processamento de linguagem natural (NPL) e em tentar interpretar a existência de “shortcut learning” nos modelos de linguagem (“shortcut learning”). Ou seja, “ o modelo está a aprender a resolver uma tarefa, mas está a capturar o fenómeno errado, então tem um bom resultado quando está a treinar, mas um mau resultado posteriormente”, explica. “Uma espécie de analogia seria um estudante que está a fazer exercícios para estudar e chegou à resposta final certa, mas com a resolução completamente errada. O meu trabalho será então procurar técnicas que permitam interpretar o modelo e descobrir que fenómenos ele está a capturar”, esclarece o estudante de informática.


Ambos estão entusiasmados e acreditam ser uma “excelente oportunidade para um primeiro contacto com o mundo da investigação numa área que lhes suscita um grande interesse”.



Quatro bolsas para a FCUP e para a FEP


Para além dos cinco estudantes ligados à FEUP, a Fundação Calouste Gulbenkian aprovou ainda a atribuição de três bolsas a estudantes do Departamento de Física e Astronomia (DFA) da FCUP e a uma estudante da FEP.


Miguel Oliveira e Rafael Soares, estudantes das licenciaturas em Engenharia Física e Física da FCUP, respetivamente, foram distinguidos na categoria de Física.


Ricardo Marques, também ele estudante da licenciatura em Física, viu aprovado o seu projeto na área da Matemática.


A FEP viu por sua vez aprovado o projeto apresentado por Ana Bárbara Vilar na categoria de Sustentabilidade Ambiental.



Sobre os “Novos Talentos Científicos”


Lançado pela primeira vez em 2017, o Programa de Bolsas Gulbenkian Novos Talentos Científicos apoia anualmente a vocação, a capacidade de investigação e a inovação científica de estudantes em instituições de ensino superior portuguesas.


Em 2021, foram atribuídas 50 bolsas nas áreas de Física, Inteligência Artificial, Matemática, Sustentabilidade Ambiental e Tecnologias Quânticas. Estas bolsas têm por objetivo estimular nos jovens a apetência para a investigação nestas áreas, possibilitando o desenvolvimento de competências nacionais nestes domínios.


Os bolseiros serão integrados num programa de investigação multidisciplinar, com especial incidência nas Tecnologias Quânticas – computação quântica, comunicações quânticas e metrologia e sensores quânticos – em que, sob a orientação de tutores, realizam trabalho de estudo e de investigação aprofundada no domínio das tecnologias quânticas, participando, ainda, ativamente num conjunto de workshops de formação.


Mais informações aqui.


|Fonte: Notícias UP, 13 de Dezembro de 2021

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