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Estas são as 13 implicações do baixo custo de descarbonização em Portugal, diz McKinsey


 

O estudo "Net-Zero Portugal – Caminhos de Portugal para a descarbonização”, elaborado pela McKinsey com o BCSD Portugal, diz que Portugal tem um "potencial de descarbonização a baixo custo".


De acordo com o estudo “Net-Zero Portugal – Caminhos de Portugal para a descarbonização”, elaborado recentemente pela McKinsey & Company, com a colaboração do BCSD Portugal, Portugal tem um “potencial de descarbonização a baixo custo, relativamente aos restantes países europeus, podendo assim contribuir para o caminho de descarbonização mais eficiente da União Europeia”.


Diz também o estudo que “a descarbonização vai exigir de Portugal um investimento inicial que poderá ter um peso de cerca de 7% do PIB ao ano, maioritariamente redirecionado de tecnologias com elevada pegada carbónica. Por outro lado, a alteração dos fluxos de capital no mundo poderá criar oportunidades de crescimento até 10-15% do PIB português”.



Conheça as 13 principais implicações do baixo custo de descarbonização em Portugal, segundo o estudo


1. Portugal pode atingir o “net zero” até 2050, sendo uma ambição maior viável

  • O setor eletroprodutor e os veículos elétricos irão liderar a descarbonização até 2030, e de forma mais rápida do que na UE, com os transportes mais pesados e a indústria a liderar após 2030.

  • A floresta terá um maior impacto do que na UE, permitindo gerir e equilibrar os esforços de descarbonização noutros setores.

  • O potencial de baixo custo de sequestro de emissões em Portugal possibilita atingir o “net zero” antes de 2050, mantendo o esforço dos setores emissores comparável aos congéneres europeus e contribuindo para a trajetória de menor custo da UE.


2. Clima mediterrânico em risco no caminho atual, ameaçando principalmente os setores do turismo e agricultura

  • Potencial de mais de seis meses de seca por ano até 2050.

  • Na agricultura, no setor da vitivinicultura, por exemplo, as capacidades de vinificação estão ameaçadas, estando certas áreas em risco de colapso.

  • Em relação aos incêndios florestais prevê-se que a área ardida possa duplicar até 2050.

  • O turismo poderá colapsar com o aumento do número de dias com temperaturas superiores a 37 ºC.


3. É necessário um afastamento claro e urgente das trajetórias atuais

  • Portugal precisa de aumentar a velocidade de descarbonização em cerca de 20% (face ao registado entre 2005 e 2019)

  • O país apresenta:

- Emissões mais baixas per capita – 5,4 tonelada de CO2 equivalente per capita face a 8,5 toneladas na Europa.

- A intensidade carbónica da eletricidade mais baixa, cerca de 200 toneladas de CO2e por GWh face 300 toneladas na UE, maioritariamente devido ao menor peso do carvão.

- Maior contribuição dos transportes, com veículos ligeiros de mercadorias com um peso maior e veículos pesados um peso menor.

- Maior contribuição da indústria, sendo o cimento e os resíduos mais relevantes, enquanto o ferro, o aço e a mineração são menos relevantes.

- Menor peso das emissões dos edifícios devido a um menor consumo de energia e, proporcionalmente maior em biomassa, quando comparado com outros combustíveis fósseis.


4. São necessárias 5-6 vezes mais adições de capacidade eólica e solar por ano para eletrificar a economia

  • A eletrificação e as energias limpas são fulcrais. O ritmo de adições anuais recente de capacidade solar e eólica não é suficiente para permitir a eletrificação limpa crescente de por exemplo veículos elétricos a bateria.


5. Tecnologias existentes são responsáveis pela maior parte da descarbonização, mas não são suficientes, sendo necessárias novas cadeias de valor (CCUS, H2 verde, outras)

  • Verifica-se a dependência de tecnologias que precisam de atingir maturidade e escala custo-eficiente, em que, apesar de ser necessária mais pesquisa, Portugal poderá ter vantagens competitivas, como o hidrogénio verde, combustíveis com baixo teor de carbono e CCUS (captura, utilização e/ou armazenamento de carbono).

  • No hidrogénio verde poderá ser competitivo graças ao baixo custo, pelo menos inicial, das energias renováveis na Península Ibérica. Potencial utilização como combustível para transporte rodoviário pesado, caldeiras e fornos industriais.

  • No CCUS, para além do maior peso do setor do cimento em Portugal (e Ibéria), principal potencial utilizador desta tecnologia, Portugal apresenta grande capacidade de armazenamento custo eficaz em locais offshore (4 gigatoneladas de CO2); CCUS poderá ser também uma solução custo eficaz para o setor eletroprodutor.

  • Nos combustíveis de baixo carbono, tais como os combustíveis sintéticos ou a biomassa produzida de forma sustentável, as vantagens competitivas poderão vir das tecnologias anteriores, mas também de um maior potencial de produção de biomassa. Apresentam também potencial utilização como combustível para caldeiras e fornos, e para a aviação.


6. A floresta e uso do solo é fundamental para sequestrar emissões, sendo os incêndios um maior motivo de preocupação

  • A absorção florestal apresenta um elevado potencial, exigindo uma estratégia clara de uso do solo, que assegure a descarbonização ao mesmo tempo que mantém o foco noutras prioridades, como por exemplo a biodiversidade.

  • O aumento do risco de incêndio devido às alterações climáticas eleva o impacto dos incêndios florestais.


7. Alterações comportamentais [não incluídas no caminho de baixo custo] podem facilitar o caminho, reduzindo as emissões em mais de 10%


8. Maior foco na circularidade e fornecedores “net zero”

  • Taxas de reciclagem muito baixas em Portugal recuperam rapidamente relativamente à média europeia.

  • As preocupações ambientais motivam a redução, a reutilização e a reciclagem


9. Redução do desperdício alimentar

  • O objetivo da ONU é reduzir o desperdício alimentar em 50% é atingido em Portugal, considerando que 15-20% da produção anual de alimentos é desperdiçada.


10. Adoção mais rápida de veículos elétricos

  • Os incentivos colocam o custo total de posse de um veículo elétrico abaixo do dos automóveis com motor de combustão interna.

  • O crescimento contínuo dos modelos de veículos elétricos responde às preferências da procura.

  • Mudanças de estilo de vida adicionais como, por exemplo, alterações na dieta alimentar, nomeadamente com a diminuição no consumo de carne de vaca, a utilização de novos materiais de construção e a utilização de transportes públicos, poderão diminuir o custo da transição.


11. O CAPEX incremental representa cerca de 1% do PIB, trazendo poupanças significativas

  • 7% terão de ser investidos em tecnologia de baixo carbono (6 pontos percentuais realocados de tecnologias de elevado carbono, 1 ponto percentual incremental). São esperadas poupanças que excedem largamente os custos.


12. Oportunidade para capturar 10-15% de crescimento do PIB através da localização, crescimento, investimento em clusters de I&D

  • Oportunidade de localizar e escalar ainda mais as cadeias de valor existentes, ou até de criar novas vantagens competitivas em cadeias de valor novas, como CCUS, hidrogénio verde e combustíveis de baixo carbono.


13. É necessária uma ação decisiva dos setores privado e público e da sociedade civil

  • É fundamental que todos os stakeholders atuem para abordar a complexidade e a multidisciplinaridade da mudança necessária.



| Fonte: Capital Verde, 19 Maio 2021

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