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A ciência por trás das melhores escolhas alimentares

De certeza que já se questionou sobre a diferença entre “consumir de preferência antes de” e “consumir até”. E em pleno supermercado, já desejou saber interpretar rótulos para comparar produtos e escolher o melhor para si e para a sua família. Explicamos-lhe como tomar decisões informadas e comer de forma segura.


Público



Há um tempo para tudo. Tal como um agricultor sabe a melhor altura para semear e colher, há um intervalo de tempo ideal entre a chegada de um produto às prateleiras do supermercado e um prato. Há, também, indicadores nos rótulos que nos ajudam a escolher entre um produto e outro, de acordo com os seus ingredientes, as nossas preferências, potenciais alergias ou intolerâncias alimentares, saúde e idade. Mas como ter a certeza que estamos a optar pelo melhor e a consumir um produto nas suas condições ideais?


De facto, a segurança alimentar é um tema de grande complexidade, já que para que um alimento seja, ou não, considerado seguro ou aconselhável, dependem infinitas variáveis, como a sua composição ou perecibilidade. Por isso mesmo, para melhor ajudar os consumidores da União Europeia a tomar opções informadas, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) lançam, pelo segundo ano, a campanha #EUChooseSafeFood, que consiste num site com informação prática e acessível que os consumidores podem utilizar quando compram e consomem alimentos.


O site é um guia essencial para comer de forma segura, onde encontra desde detalhes sobre como ler rótulos e compreender aditivos, até conselhos sobre a preparação e armazenamento de alimentos. Um conjunto de conteúdos escrito de forma simples, cujo objectivo é encorajar os consumidores europeus a fazer escolhas alimentares informadas, e onde fica também patente a importância da ciência e dos cientistas na segurança alimentar.


Com a renovação da campanha, no passado dia 7 de Junho, no Dia Mundial da Segurança Alimentar, a gama de tópicos abordada no site foi ampliada, e agora traz também temas como a saúde das plantas, novos alimentos e suplementos alimentares.



A diferença entre “consumir de preferência antes de” e “consumir até”


Uma das dúvidas mais frequentes entre os consumidores é o prazo de validade. Porquê a distinção entre “consumir de preferência antes de” e “consumir até”? Qual a diferença?


Tal como explica Michaela Hempen, microbiologista alimentar da EFSA no site da campanha #EUChooseSafeFood, “consumir até” refere-se à segurança dos géneros alimentícios. Indica que pode utilizar um alimento até uma determinada data, após a qual o alimento é considerado não seguro para consumo e pode fazê-lo adoecer. Esta instrução aparece em alimentos frescos, altamente perecíveis, como peixe, carne, saladas ou lacticínios. Já a indicação “consumir de preferência antes de” reporta-se à qualidade dos géneros alimentícios. Desde que siga as instruções de conservação, os alimentos serão seguros para comer após a data de durabilidade mínima, mas podem perder parte do sabor ou textura. Após essa data, o alimento poderá não ser tão fresco, saboroso, estaladiço, etc, como antes, mas não levará à doença. Por isso, estando a embalagem íntegra e não aparentando nenhuma alteração, não é necessário deitá-la fora.


Esta é uma aprendizagem essencial para evitar o desperdício alimentar. De facto, a Comissão Europeia estima que até 10% dos 88 milhões de toneladas de desperdícios alimentares produzidos anualmente na UE estão relacionados com a marcação da data nos produtos alimentares.



A ciência ao serviço da segurança alimentar


Para obter as datas mais adequadas para “consumir até” ou “consumir de preferência antes de”, cientistas de segurança alimentar trabalham em estreita colaboração com os operadores de empresas do sector alimentar, de forma a se certificarem que são utilizados os mesmos critérios para a fixação de prazos. Este é um dos importantes contributos da ciência para a segurança alimentar, que permite assim salvaguardar o tempo de vida dos produtos, evitar o desperdício alimentar e garantir o bem-estar dos consumidores.


A ciência também está ao nosso lado na avaliação dos ingredientes de um alimento. Como os aditivos, por exemplo. Os aditivos alimentares são substâncias adicionadas aos alimentos para manter ou melhorar a sua segurança, frescura, sabor, textura ou aparência. Na União Europeia, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), avalia todos os aditivos, desde edulcorantes a corantes alimentares, antes de serem autorizados para utilização em alimentos. São também identificados, nos rótulos dos alimentos, por um E numerado, e devem indicar a função do aditivo no alimento (por exemplo, corante ou conservante).


Não restam dúvidas que a campanha #EUChooseSafeFood promove uma melhor literacia para a segurança alimentar entre os consumidores europeus, e que todos beneficiamos se nos informarmos melhor sobre o que comemos. Para que possamos comer com segurança e sem prejudicar a saúde, todos os dias.




|Fonte: Público, 18 de Agosto 2022

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